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Trabalhadores da Cultura ocupam a Funarte em São Paulo

27/07/2011 18:53

 

 Nesse momento 300 trabalhadores da cultura decidiram pela ocupação até o dia 27 (quarta) da Funarte. Até esta data estão programados ensaios dos mais de 30 coletivos presentes no local.

 Hoje, segunda-feira, o Movimento de Trabalhadores da Cultura ocupou o prédio da Funarte em São Paulo. A ocupação não tem prazo para terminar e está aberta a todos que quiserem participar e apoiar o movimento.

 
No momento, 22:30hs, temos ainda 300 artistas e simpatizantes unidos por um objetivo comum e reunidos em plenária, discutindo os próximos passos do movimento.
 
Num gesto de democracia hipócrita, o Ministério da Cultura abriu as portas da Funarte para os trabalhadores da cultura, permitindo que ocupem o espaço até quinta-feira, desde que a programação normal não seja afetada. Pois bem, já foi afetada.

Aproveitamos então o tão singelo convite e estendemos o convite para todos os artistas de São Paulo:
Transfira seus ensaios e outras atividades artísticas para a Funarte. A porta está aberta a todos e o MTC garantirá que siga assim durante a semana.

Entre as reivindicações dos manifestantes estão o imediato descontigenciamento de 2/3 da verba para cultura (corte do orçamento anunciado pelo governo federal); e as aprovações das PEC´S 150, que garante que o mínimo de 2% ( hoje, 40 bilhões de reais) do orçamento geral da União seja destinado à Cultura, e 236, que prevê a cultura como direito social. 
(foto:Xandi Gonçalves)
Leia a seguir o Manifesto público encaminhado pelos artistas:


Manifesto dos trabalhos da cultura

O Movimento de Trabalhadores da Cultura, aprofundando e reafirmando as posições defendidas desde 1999, em diversos movimentos como o Arte Contra Bárbarie, torna pública sua indignação e recusa ao tratamento que vem sendo dado à cultura deste país. A arte é um elemento insubstituível para um país por registrar, difundir e refletir o imaginário de seu povo. Cultura é prioridade de Estado, por fundamentar o exercício crítico do ser-humano na construção de uma sociedade mais justa. A produção artística vive uma situação de estrangulamento que é resultado da mercantilização imposta à cultura e à sociedade brasileiras. O Estado prioriza o capital e os governos municipais, estaduais e federal teimam em privatizar a cultura, a saúde e a educação. É esse discurso que confunde política para a agricultura com dinheiro para o agronegócio; educação pública com transferência de recursos públicos para faculdades privadas; incentivo à cultura com Imposto de Renda doado para o marketing, servindo a propaganda de grandes corporações. Por meio da renúncia fiscal – em leis como a Lei Rouanet - os governos transferiram a administração de dinheiro público destinado à produção cultural, para as mãos das empresas. Dinheiro público, utilizado com critérios de interesses privados. Política que não amplia o acesso aos bens culturais e principalmente não garante a produção continuada de projetos culturais. Em 2011 a cultura sofreu mais um ataque: um corte de 2/3 de sua verba anual. De 0,2% ou 2,2 bilhões de reais, foi para 0,06% ou 800 milhões de reais do orçamento geral da União em um momento de prosperidade da economia brasileira. Esta regressão implicou na suspensão de todos os editais federais de incentivo à Cultura no país, num processo claro de destruição das poucas conquistas da categoria. Enquanto isso, a renúncia fiscal da Lei Rouanet não sofreu qualquer alteração apesar das inúmeras críticas de toda a sociedade. 


Trabalhadores da Cultura, é HORA DE PERDER A PACIÊNCIA: Exigimos dinheiro público para arte pública! 

Arte pública é aquela financiada por dinheiro público, oferecida gratuitamente, acessível a amplas camadas da população – arte feita para o povo. Arte pública é aquela que oferece condições para que qualquer trabalhador possa escolhê-la como seu ofício e, escolhendo-a, possa viver dela – arte feita pelo povo. Por uma arte pública, tanto nós, trabalhadores da cultura, como toda a população em seu direito ao acesso irrestrito aos bens culturais, exigimos programas – e não programa único – estabelecidos em leis com orçamentos próprios. Exigimos programas que estruturem uma política cultural contínua e independente – como é o caso do Prêmio Teatro Brasileiro, um modelo de lei proposto pela categoria após mais de 10 anos de discussões. Por uma arte pública exigimos Fundos de Cultura, também estabelecidos em lei, com regras e orçamentos próprios a serem obedecidos pelos governos e executados por meio de editais públicos, reelaborados constantemente com a participação da sociedade civil organizada e não dentro dos gabinetes. Por uma arte pública, exigimos a imediata aprovação da PEC 236, que prevê a cultura como direito social, e também imediata aprovação da PEC 150, que garante que o mínimo de 2% ( hoje, 40 bilhões de reais) do orçamento geral da União seja destinado à Cultura, para que assim tenhamos verbas que possibilitem o início de um tratamento devido à cultura brasileira. 

Por uma arte pública, exigimos a imediata publicação dos editais de incentivo cultural que foram suspensos, e o descontingenciamento imediato da já pequena verba destinada à Cultura. Por uma arte pública, exigimos o fim da política de privatizações e sucateamentos dos equipamentos culturais, o fim das leis de incentivo fiscal, o fim da burocratização dos espaços públicos e das contínuas repressões e proibições que os trabalhadores da cultura têm diariamente sofrido em sua luta pela sobrevivência. Por uma arte pública queremos ter representatividade dentro das comissões dos editais, ter representatividade nas decisões e deliberações sobre a cultura, que estão nas mãos de produtores e dos interesses do mercado. Por uma arte pública, hoje nos dirigimos a Senhora Presidenta da República, Dilma Rousseff, ao Senhor Ministro da Fazenda e às Senhoras Ministras do Planejamento e Casa Civil, já que o Ministério da Cultura, devido seu baixo orçamento encontra-se moribundo e impotente. Exigimos a criação de uma política pública e não mercantil de cultura, uma política de investimento direto do Estado, que não pode se restringir às ações e oscilações dos governos de plantão. O Movimento de Trabalhadores da Cultura, chama toda a população a se unir a nós nesta luta.

 

 

Participação do VII FESTMAR com direito a interrupção e Protesto

26/07/2011 02:56

                 De 20 a 23 de julho, Aracati, histórica cidade do litoral leste cearense se transformou na capital nacional das artes populares. Cerca de 250 Atores e atrizes de sete estados brasileiros e de 12 cidades do Ceará, lotaram quatro hotéis da cidade e fizeram das ruas, praças e munumentos históricos desta cidade os palcos de uma grandiosa festa da cultura popular.

                 O Grupo Teatral Frente Jovem de Aracati, anfitrião e organizador do evento, parabeniza todos os grupos que participaram pelo extraordinário desempenho que todos mostraram em suas apresentações. De outros estados parabenizamos As Lucianas do Rio de Janeiro, Adriana Calumby de Maceió nas Alagoas, A Arte Viva de Santa Cruz no Rio Grande do Norte, o Galpão das Artes de Limoeiro em Pernambuco, A Viravolta de Cuité na Paraíba e o Além da Lona de Cristian Matias de Campinas em São Paulo.
                Parabenizamos da mesma forma nossos queridos conterrâneos do Ceará, como a Cia Sísifo de Fortaleza, a Arte da Ribeira de Icó, o Coletivo Camaradas do Crato, o Lamberage de Quixeramobim, o Ribuliço Ecoart e os Caras da Arte de Crateús, o grupo de Dramas de Beberibe, o Pantim de Boa Viagem, o Trancos e Barrancos de Guaiúba, a Nação Tremembé de Aracatiaçu em Sobral, Os clãs dos Inhauns de Tauá, o Gênesis , o Fasonhos e o Frente Jovem de Aracati.
                Momento marcante do festival aconteceu no sábado, 23, pela manhã, quando os grupos estavam se apresentando na Praça do Marista e um evento do arroz urbano tentou interromper os espetáculos ligando um som nas proximidades. Foi que aí os artistas de rua mostraram a sua força: um protesto pacífico e incisivo se realizou rapidamente, discursos e palavras de ordens foram proferidas, a população se juntou aos artistas e a praça foi tomada por uma grande manifestação espontânea em favor do teatro popular. Não deu outra, em menos de dez minutos, o arroz urbano foi derrotado e o festival continuou. Uma demonstração de união e força dos artistas populares que ficará na história de nosso festival
              Em breve matéria completa sobre o VII FESTMAR, inclusive com ampla documentação fotográfica. Abraços a todos e já fica o Convite para o VIII FESTMAR no próximo ano.

 
                      Professor Tinoco Luna